Meu nome é Antonella Yllana. Além das tarefas de minha vida privada e profissional, sou também uma das co-fundadoras da Associação Verdejar d’Ajuda. No início deste ano tive a honra de ter sido eleita presidente da associação, ainda que para nós a eleição da diretoria seja apenas uma burocracia necessária. Não existem hierarquias na Verdejar. Há oito anos prezamos uma gestão democrática e circular em que o voto de todos que fazem parte da diretoria tem o mesmo peso. O grupo dos que votam não é apenas constituído daqueles que foram eleitos, mas também fazem parte dele associados que estão conosco há muitos anos e participam ativamente dos nossos projetos.
Todo mundo sabe que não é fácil ser voluntário, muito menos presidente voluntária, mas os benefícios do voluntariado são muito mais numerosos que as dificuldades que ele traz, não só no que se refere à comunidade em que estamos inseridos como também a nível pessoal. Desde que aceitei esse desafio, tive que aprender muita coisa que nunca teria aprendido caso não estivesse aqui. Conheci e comecei a interagir com pessoas maravilhosas, que dentro da organização formam grupos multidisciplinares e multissetoriais, dispostos a trabalhar e se engajar pelo bem comum. Desenvolvemos uma relação de confiança e admiração mútua profunda por reconhecermos no outro o nosso próprio esforço. Vivenciei também como é possível fazer a diferença quando a gente acredita naquilo que faz. Por mais difícil que tenha sido o caminho até aqui, a Verdejar não para de crescer, e cada vez mais pessoas e instituições sérias e comprometidas com o meio-ambiente nos procuram e querem fazer parceria conosco.
O plantio é um trabalho curioso, pois muitos que estão plantando hoje não estarão aqui para ver o fruto de seu trabalho ou sentar à sombra das árvores plantadas. Contudo, sabemos que tão importante quanto a arborização, restauração e o reflorestamento, é reflorestar as mentes e os corações. Por isso, na Verdejar nós preferimos crescer de forma lenta e segura. Cuidamos do plantio, da manutenção das árvores plantadas, da limpeza das áreas em que plantamos, da educação e da comunicação socioambiental, pois sabemos que nada pode ser mais precioso que uma comunidade que se entende como natureza, sabe dar valor e aprende a cuidar ela mesma das suas riquezas naturais. Isso se reflete em todos os âmbitos, desde as relações que compõem o tecido social até o bem estar geral. Sabemos que não há mais tempo para o protagonismo individual, este é um momento de transição em que, cada vez mais, todos têm que assumir a responsabilidade de cuidar do lugar e do planeta onde vivemos. Vivenciar e corroborar com esse processo, ver essa mudança acontecendo pouco a pouco, é lindo e gratificante.