Estamos testemunhando um momento histórico sem precedentes e jamais experimentado por nossos ancestrais. Começando pela crise do clima, a crise socioeconômica, a crise política, o desgaste incessante dos recursos do planeta para sustentar os modos de produção vigentes apesar de obsoletos em muitos casos e, agora, a crise sanitária com a aparição desse vírus que colocou o nosso modo de viver em xeque e que para muitos trouxe profundo questionamento. Na corrida frenética e exigente pelo sustento de nossa vida moderna e individualista e pelo sucesso pessoal, na distração incessante com entretenimentos e o advento da tecnologia digital, perdemos cada vez mais o espaço e o bem comum; bem comum que nada mais é que a natureza e suas elementais e maravilhosas presenças! A agua, os oceanos, as nascentes, os rios, a terra, a vegetação, as florestas, os manguezais, as restingas, o cerrado, os minerais, a biodiversidade, os animais, o ar que respiramos, as etnias ancestrais com seus saberes e culturas e, por fim, nossas maiores riquezas.
A situação nos sobre-excede e o bombardeio de informação pode parecer pesado demais e é. Porém, O MODO em que escolhemos viver este cenário, esta realidade, faz muita diferença, mesmo que esta diferença não seja evidente no imediato. Foram necessários muitos anos de uso e abuso das riquezas da nossa terra, em prol de um desenvolvimento econômico excludente com um custo social e ecológico altíssimo que não compensa, para chegar até esta situação. Mas se pensarmos bem, são pouco mais de 200 anos que se passaram desde a revolução industrial, o momento histórico em que o homem se apropria definitivamente dos recursos naturais para convertê-los paulatinamente em produtos/serviços de consumo massivo. Sem dúvida precisaremos de muitos anos para reverter e corrigir o dano feito a nós mesmos e nossos ecossistemas, mas certamente e graças à mesma tecnologia, hoje tudo pode ser mais ágil e interconectado para fazer a diferença. Especialmente se, com consciência e inteligência, pensamos no planeta como nosso lar, o maior legado que estamos deixando para nossa descendência, as futuras gerações.
De tudo que o homem deteriorou, muito o homem pode restaurar e muito deve se esmerar para preservar o que ainda resta, como nossas florestas primárias tão ameaçadas e irrecuperáveis uma vez taladas. Sem entrar em pânico, sem fatalismos, com objetividade e responsabilidade, caberia a cada um de nós, como seres sensíveis e pensantes, como parte desta tribo humana, a revisão de nossos hábitos e a nossa própria reeducação. Esta reeducação e mudança requerem atitudes fundamentais e positivas como a (auto)compaixão – com nós mesmos e com o outro que talvez ainda não esteja pronto para compreender que sim, é possível e necessário (urgente) mudar; a paciência – as mudanças e a adaptação a novas formas de se comportar, consumir, etc levam tempo; a gentileza – que definitivamente gera gentileza, uma atitude tão necessária numa sociedade ferida como a nossa; a curiosidade – atitude humilde do principiante que ousa se aventurar no novo com a inocência da criança que descobre o mundo, porque, afinal, é disso que também se trata: da oportunidade que toda esta crise nos oferece de redescobrir nossos valores, de repensar e recriar nossa forma de viver e conviver com o nosso entorno.
Hoje convido você a uma reflexão básica sobre algumas coisas que podemos transformar agora mesmo com determinação e outras com paciência dia após dia, porque a verdadeira mudança é individual e vem de dentro para fora, o que obviamente não poupa nossos governantes, no melhor (ou pior) dos casos por nós escolhidos, de fazerem sua parte.
Juntos em ação e clara intenção somos muito mais fortes!!!
2 pensamentos em “Mas afinal, o que é que eu posso fazer?”
Adorei o texto. Vamos que vamos!
Obrigada querida!
Plantar é preciso!
Árvores, consciência, flore e amor.
Muito amor.